Uma das maiores procuras online de mães e pais, atualmente, está
relacionada à forma de criar seus filhos. Para isso criamos, aqui no blog
Janela Interna, a série Para Mães e Pais, que tem como objetivo orientar e
ajudar a esclarecer dúvidas quanto à forma de lidar com crianças nas situações
mais variadas.
Fonte: http://www.papodemae.com.br/wp-content/uploads/2016/04/pai-criancas-brincando-1354205890862_615x470.jpg
Hoje vamos conversar sobre saber ouvir. A maioria de nós, adultos, gosta
muito de falar, ensinar, compartilhar nossa experiência e dizer à criança o que
ela deve ou não fazer. Inicialmente, não há nenhum problema nisso. É inclusive
importante que a criança tenha como exemplo os adultos que convivem com ela,
uma vez que ela vai acabar se espelhando neles para definir suas ações. No
entanto, isso pode passar a ser um problema se eu percebo que falo muito mais do que ouço. Afinal, de
uma forma implícita, estarei passando à criança a mensagem de que a minha
opinião e a forma como eu penso é muito mais importante do que as dela. Isso
pode ter diversas consequências, e vamos tratar das mais frequentes aqui neste
texto.
O que mostra que mães e pais não se preocupam em ouvir o(a) filho(a)?
Quando a criança vem compartilhar com você alguma experiência ruim,
por exemplo, algo que a deixou triste ou com medo, e você responde algo do
tipo: “não se preocupe, isso vai passar”, ou “eu também já passei por isso
quando tinha a sua idade e, quando você crescer, vai ver como isso era bobo”,
ou “monstros não existem”, o que você pensa sobre estas respostas? Num primeiro
momento, podem parecer boas respostas, uma vez que a intenção é acalmar a
criança e ajudá-la a se sentir melhor. Entretanto, se você prestar um pouco
mais de atenção, vai perceber como essas respostas estão desqualificando e
rejeitando completamente os sentimentos da criança. É como se você estivesse
dizendo: “isto não é motivo para se sentir mal”.
O que a criança entende e aprende ao não ser ouvida?
Dentro dessas situações, pode-se dizer de 3 possíveis cenários previsíveis, nos quais a criança pode agir como um ou como todos, em momentos e relações diferentes:
1) Ao ver os outros respondendo a ela dessa forma, a criança pode
aprender com o exemplo e levar isso para outras relações da vida dela, por
exemplo, agir com seus coleguinhas considerando sempre que sua própria opinião
é a mais certa. Como consequência, pode se tornar uma criança que não lida bem
quando é contrariada e não considera as necessidades do outro, pois, se ela
mesma não é ouvida, também não aprendeu a ouvir. Isso pode levá-la a se tornar
um adulto excessivamente autocentrado, e com baixa resistência à frustração.
2) A criança pode, ao sentir que seus sentimentos e pensamentos não
valem nada, começar a se anular, e sempre colocar a vontade do outro em
primeiro lugar. Isso pode lavá-la a se tornar um adulto que sempre se espelha
na opinião dos outros sobre ela, não conseguindo formular uma opinião própria,
além de poder apresentar baixa autoestima e autoconfiança.
3) Ao não se sentir ouvida e acolhida quando compartilha seus
sentimentos, a criança pode desistir de compartilhá-los, tornando-se mais
distante e embotada emocionalmente.
Se você quer que seu(sua) filho(a) cresça com maturidade emocional, capacidade
de compreender seus próprios sentimentos e de lidar com seus problemas, você
precisa falar menos e ouvir mais. Encorajá-lo a se abrir, e se mostrar
acolhedor(a) diante disso. Demonstrar um interesse genuíno e ser empático(a)
com o que quer que a criança escolha compartilhar com você. Isso significa não
julgar, não colocar sua experiência acima da dela e, por consequência, manter
aberto o canal de comunicação entre vocês.
Não diga que monstros não existem, pois, para a criança, eles são
reais. Não diga que quando ela crescer vai entender, pois a criança não tem a
dimensão de como as coisas serão na vida adulta. Para ela, o que existe é a
situação desagradável que ela está atualmente vivenciando e, portanto, precisa
fazer algo a respeito AGORA. Ofereça-se para bolar uma solução justamente com
ela, para que ela exerça sua autonomia e se sinta capaz de resolver seus
próprios problemas.
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